Publicado: 12 de outubro de 2021 em Sem categoria

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No que diz respeito aos nossos cérebros, falar consigo mesmo não é tão diferente de falar com a boca – só parece ser mais baixo.

Redação do Diário da Saúde

Falar consigo mesmo e com outros é igual para nossos cérebros

O cérebro e a fala

No que diz respeito ao seu cérebro, falar consigo mesmo pode ser quase o mesmo que expressar seus pensamentos em voz alta.

É claro que, na vida diária, pensar e falar geram efeitos muito diferentes, o que provavelmente mostre as deficiências dos atuais estudos científicos, que igualam o cérebro à mente. Mas estes estudos não deixam de trazer alguns resultados interessantes.

As pesquisas de neurociência indicam que, quando nos preparamos para falar em voz alta, nosso cérebro cria uma cópia das instruções que serão enviadas aos nossos lábios, boca e cordas vocais. Essa cópia é conhecida como uma cópia de eferência – o termo designa algo que tira e conduz de dentro para fora.

A cópia de eferência é enviada para a região do cérebro que processa o som, que vai prever o som que está prestes a ser dito e ouvido por si mesmo. Isso permite que o cérebro discrimine entre os sons previsíveis que produzimos e os sons menos previsíveis, produzidos por outras pessoas.

“A cópia de eferência amortece a resposta do cérebro às vocalizações autogeradas, dirigindo menos recursos mentais a esses sons porque eles são muito previsíveis,” explica o Dr. Thomas Whitford, neurocientista da Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália).

“É por isso que não podemos fazer cócegas em nós mesmos. Quando eu esfrego a sola do meu pé, meu cérebro prediz a sensação que sentirei e não respondo fortemente. Mas se alguém esfregar minha sola inesperadamente, exatamente a mesma sensação será imprevisível. A resposta do cérebro será muito maior e criará uma sensação de cócegas,” exemplificou.

Falar consigo mesmo

A equipe de Whitford desenvolveu então um método “objetivo” para tentar medir a ação puramente mental do discurso interno – o falar consigo mesmo. Especificamente, eles colocaram 42 voluntários saudáveis em equipamentos de eletroencefalografia (EEG), para avaliar o grau em que os sons imaginados interferiam com a atividade cerebral, em comparação com a mesma atividade provocada por sons reais.

Os resultados indicaram que, exatamente como no caso da fala – pensamentos efetivamente vocalizados -, simplesmente imaginar fazer um som reduz a atividade cerebral que ocorre quando as pessoas ouvem de fato esse som. Os pensamentos das pessoas são suficientes para mudar a forma com que seus cérebros percebem os sons, com uma diferença: Quando as pessoas apenas imaginam os sons, esses sons parecem mais baixos, mais silenciosos.

“Ao fornecer uma maneira de medir direta e precisamente o efeito da fala interna sobre o cérebro, esta pesquisa abre as portas para entendermos como a fala interior pode ser diferente em pessoas com doenças psicóticas, como a esquizofrenia,” disse Whitford.

Música de fundo feliz melhora a criatividade

Publicado: 19 de setembro de 2017 em Sem categoria

Redação do Diário da Saúde

Música de fundo feliz melhora a criatividade

A música feliz apenas melhorou o pensamento divergente, mostrando que diferentes trabalhos exigem diferentes abordagens.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Música ou silêncio?

Está precisando de inspiração? Uma música de fundo feliz pode ajudar a atrair as musas e lhe dar os impulsos criativos que você procura.

“Pessoas em muitos contextos usam a música para ajudá-las a trabalhar,” afirma Sam Ferguson, da Universidade de Tecnologia de Sidnei (Austrália), que já havia demonstrado que música de alto astral ajuda as pessoas a se sentirem felizes.

Agora ele se juntou à sua colega Simone Ritter, da Universidade Radboud (Holanda), uma especialista em criatividade, em busca de uma melhor compreensão de como os diferentes tipos de música afetam a criatividade.

Para isso, eles compararam diversos tipos de música com o silêncio.

Ser criativo com música

A dupla distribuiu 155 voluntários em cinco grupos. Quatro deles ouviam diferentes tipos de música durante uma série de testes, enquanto o quinto grupo fazia os testes em silêncio.

Os testes foram projetados para avaliar dois tipos de pensamento: o pensamento divergente, que descreve o processo de geração de novas ideias, e o pensamento convergente, que é o meio que usamos para encontrar a melhor solução para um problema.

As pessoas se mostraram mais criativas quando ouviam música que elas próprias classificavam de positiva, apresentando ideias mais exclusivas do que as pessoas que trabalhavam em silêncio.

“Nós também testamos outros trechos musicais que eram tristes, ansiosos e calmos, e não percebemos esse efeito,” conta Ferguson. “Parece que o tipo de música presente é importante, e não apenas qualquer música.”

Resolver problemas em silêncio

No entanto, a música feliz – neste caso, a Primavera, de Antonio Vivaldi – apenas melhorou o pensamento divergente.

Nenhum tipo de música ajudou a melhorar o pensamento convergente, sugerindo que é melhor tentar resolver problemas em silêncio.


Redação do Diário da Saúde

Para controlar as emoções fale consigo mesmo na terceira pessoa

Não pense “Eu”, pense “Ela”.

Autorreflexão na terceira pessoa

Durante momentos estressantes, falar consigo mesmo na terceira pessoa – silenciosamente – pode ajudar a controlar suas emoções.

E este método não exige maior esforço mental do que falar com você mesmo na primeira pessoa, que é como as pessoas normalmente conversam consigo mesmas.

Por exemplo, digamos que um homem chamado João está chateado por ter levado um fora da namorada. Ao simplesmente refletir sobre seus sentimentos na terceira pessoa (“Por que o João está chateado?”), ele fica menos emocionalmente reativo do que quando aborda a si próprio na primeira pessoa (“Por que eu estou chateado?”).

“Essencialmente, acreditamos que referir-se a si mesmo na terceira pessoa leva as pessoas a pensarem sobre si mesmas de forma mais parecida com a maneira como pensam sobre os outros, e você pode ver evidências disso no cérebro,” disse Jason Moser, professor de psicologia da Universidade de Michigan (EUA). “Isso ajuda as pessoas a obter uma pequena distância psicológica de suas experiências, que muitas vezes pode ser útil para regular as emoções”.

Controlar as emoções

Para chegar a essas conclusões, Moser e seu colega Ethan Kross realizaram dois experimentos.

No primeiro, os voluntários visualizaram imagens neutras e imagens perturbadoras e reagiram às imagens na primeira e na terceira pessoas, enquanto um eletroencefalógrafo monitorava seus cérebros. Ao reagir às fotos perturbadoras (como um homem segurando uma arma voltada para a própria cabeça), a atividade cerebral emocional dos participantes diminuiu muito mais rapidamente (dentro de 1 segundo) quando eles se referiram a si mesmos na terceira pessoa.

Os pesquisadores também mediram a atividade cerebral relacionada ao esforço dos participantes e descobriram que o uso da terceira pessoa não consumiu maior esforço do que usar a reflexão em primeira pessoa.

No outro experimento, os participantes refletiam sobre experiências dolorosas do seu passado usando linguagem de primeira e terceira pessoas, enquanto sua atividade cerebral era monitorada usando ressonância magnética funcional (fMRI).

De forma semelhante ao primeiro experimento, os participantes apresentaram menos atividade em uma região do cérebro que é comumente envolvida na reflexão sobre experiências emocionais dolorosas quando usaram o papo interno consigo mesmas na terceira pessoa, sugerindo uma melhor regulação emocional. Além disso, a fala consigo mesmo na terceira pessoa não exigiu mais atividade cerebral do que usar a primeira pessoa.

“O que é realmente entusiasmante aqui,” disse Kross, “é que os dados do cérebro desses dois experimentos complementares sugerem que falar consigo mesmo na terceira pessoa pode constituir uma forma de regulação emocional relativamente sem esforço.”


Redação do Diário da Saúde
  • Evasão de informações: Como as pessoas selecionam sua própria realidade
As pessoas parecem ter perdido a capacidade de dialogar e conviver com seus próximos que discordam politicamente delas.

Evitar que as pessoas mergulhem em suas próprias bolhas de informação, atendo-se àquelas que confirmem seus pontos de vista, pode ser mais difícil do que se pensava.

De fato, parece que temos um talento especial para a evasão de informações, que usamos para selecionar nossa própria realidade.

De acordo com a equipe do professor George Loewenstein, da Universidade Carnegie Mellon (EUA), este pode ser um modo bastante geral de encarar a vida: Tendemos a selecionar nossas próprias realidades evitando deliberadamente informações que acreditamos ameaçar nossa felicidade ou nosso bem-estar.

É por isso que as pessoas escolhem a fonte de notícias que se alinha com suas opiniões políticas, evitando ver opiniões e pontos de vista contrários. E pessoas que estão fazendo dieta igualmente preferem não saber as calorias de sua sobremesa.

Fugindo das informações

Os estudos feitos pela equipe de Loewenstein mostram que, embora simplesmente não querer ouvir outras ideias ou pontos de vista seja o caso mais claro de “evitação de informações”, as pessoas têm uma ampla gama de outras estratégias de evasão de informações à sua disposição.

Por exemplo, nós somos muito hábeis em dirigir nossa atenção seletivamente para a informação que reafirma aquilo em que acreditamos ou que reflete favoravelmente nossas crenças e opiniões, e em esquecer as informações que desejaríamos que não fossem verdadeiras.

Para aferir a força e a validade dessas estratégias, a equipe selecionou para seus experimentos com voluntários um assunto sobre o qual as pessoas normalmente são muito sensíveis: seu próprio bolso.

Evasão de informações: Como as pessoas selecionam sua própria realidade

Além das bolhas de informação que isolam os usuários entre aqueles que pensam de forma parecida, os especialistas têm-se preocupado em como juntar liberdade de expressão, mídias sociais e verdade.
[Imagem: Juandavo/Wikimedia]

“A consideração padrão sobre as informações em economia é que as pessoas devem procurar informações que ajudem na tomada de decisões, nunca devem evitar ativamente as informações e devem atualizar suas visões de forma desapaixonada quando encontrarem novas informações válidas.

“Mas as pessoas muitas vezes evitam as informações que poderiam ajudá-las a tomar melhores decisões se acham que receber aquela informação pode ser doloroso. Professores ruins, por exemplo, poderiam se beneficiar do feedback dos alunos, mas eles são muito menos propensos a checar suas classificações do que os professores melhor qualificados,” explicou Loewenstein.

Polarização política

Os resultados têm impacto direto na questão que mais tem chamado a atenção de psicólogos e sociólogos em todo o mundo: a crescente onda de polarização política, em que as pessoas parecem ter perdido a capacidade de dialogar e conviver com seus próximos que discordam politicamente delas.

“Se quisermos reduzir a polarização política, temos de encontrar formas não só de expor as pessoas a informações conflitantes, mas de aumentar a receptividade das pessoas à informação que desafia aquilo em que elas acreditam e querem acreditar.

“Uma implicação da evasão das informações é que não nos envolvemos efetivamente com aqueles que discordam de nós. Bombardear as pessoas com informações que desafiam suas crenças tão acalentadas – a estratégia normal que as pessoas empregam nas tentativas de persuasão – provavelmente irá gerar mais evitação defensiva do que um processamento receptivo,” disse David Hagmann, coautor do estudo.


Redação do Diário da Saúde
Competição no trabalho: Pessoas não enxergam os rivais

Se as equipes trabalham lado a lado, as mulheres tendem a ter melhor desempenho e até mesmo superam os homens porque são mais criativas – mas cuidado, porque a competição destrói a criatividade feminina. [Imagem: Washington University St. Louis]

Competição no trabalho

No trabalho, todos os dias os colegas competem ativamente por uma quantidade limitada de vantagens, incluindo aumentos, promoções, bônus e reconhecimento.

Apesar disso, esses profissionais se mostram tipicamente muito ruins em determinar quais colegas de trabalho podem estar tentando superá-los.

“Nós procuramos saber se as pessoas entendiam o que outras pessoas no local de trabalho pensavam delas. Você tende a saber quem gosta de você, mas, para os sentimentos negativos, incluindo a competitividade, as pessoas não têm nenhuma ideia,” escreveram Hillary Anger Elfenbein (Universidade de Washington em St. Louis), Noah Eisenkraft (Universidade da Carolina do Norte) e Shirli Kopelman (Universidade de Michigan).

Desconhecimento da competição

Para chegar a essa conclusão, a equipe realizou dois experimentos. No primeiro, eles entrevistaram vendedores de automóveis em uma região onde a concorrência é normal e encorajada. O segundo experimento incluiu levantamentos de mais de 200 estudantes engajados em 56 projetos diferentes.

Quando as respostas sobre a competição entre os colegas foram analisadas, os resultados foram surpreendentes: embora houvesse exceções, o que se revelou foi uma falta generalizada de percepção sobre quem eram os competidores diretos.

“Algumas pessoas mostram sua competitividade, pessoas que você pode dizer que querem te superar, mas outras querem te superar e agem como se fossem suas amigas,” ponderou Elfenbein. “Esses dois efeitos se cancelam, e as pessoas, em média, não têm ideia sobre quem se sente competitivo em relação a elas.”

Máscaras e reciprocidade

Os pesquisadores oferecem duas hipóteses principais para explicar essa desconexão: Primeiro, as pessoas tendem a mascarar sentimentos externos de competitividade para com os outros em um esforço para se mostrarem educadas. Em segundo lugar, parece entrar em jogo o conceito de reciprocidade.

Competição no trabalho: Pessoas não enxergam os rivais

A inteligência coletiva nem sempre leva às melhores decisões no ambiente de trabalho.
[Imagem: John Holmes/Wikimedia]

“Quando se gosta, a reciprocidade é uma coisa boa,” disse Elfenbein. “Você se lembra das datas, dá presentes, compartilha experiências positivas. Mas, para obter os benefícios da competição, como promoções ou aumentos, você não precisa que ela seja retribuída. E quando você não recebe esse sentimento de volta, é difícil avaliar quem está realmente competindo contra você.”

Liderança e aspectos individuais

Para um gerente tentando manter uma equipe forte e coesa, a transparência e o estabelecimento de limites parecem ser a chave para manter o equilíbrio, disseram os pesquisadores.

Quanto ao aspecto individual, é preciso ficar mais atento.

“Você precisa prestar atenção mais ao que as pessoas fazem do que ao que dizem,” aconselha Elfenbein. “Quando as pessoas são educadas demais para dizer algo frente a frente, você precisa de uma rede boa e forte que permita que você saiba o que as outras pessoas realmente pensam.”

O trabalho foi publicado na revista Psychological Science.


Redação do Diário da Saúde
Comer menos aumenta longevidade permitindo ao corpo se restaurar

O professor Price alerta que a restrição calórica não foi testada ainda em seres humanos como uma estratégia antienvelhecimento. [Imagem: Nate Edwards/BYU Photo]

Restrição calórica

Há décadas os cientistas tentam desvendar o mistério da restrição calórica – por que dietas que imitam o jejum melhoram quase tudo em nosso organismo e nos ajudam a viver mais.

Agora eles obtiveram um primeiro vislumbre de como o corte de calorias afeta o envelhecimento dentro das células.

Sim, porque apesar de haver uma indústria de bilhões de dólares dedicada a produtos que combatem os sinais do envelhecimento, os hidratantes não passam da pele, e o envelhecimento ocorre mais profundamente, a nível celular por todo o interior do corpo.

Ribossomos

Os que os pesquisadores descobriram é que, quando os ribossomos diminuem seu ritmo de trabalho, o processo de envelhecimento também fica mais lento – os ribossomos são os fabricantes de proteínas das células. Essa diminuição de velocidade reduz a produção de proteínas, mas dá aos ribossomos um tempo extra para se autorreparar e funcionar de forma mais eficiente por mais tempo.

“O ribossomo é uma máquina muito complexa, mais ou menos como o seu carro, e periodicamente precisa de manutenção para substituir as peças que se desgastam mais rápido. Quando os pneus se desgastam, você não joga fora o carro inteiro e compra um novo, é mais barato substituir os pneus,” explica o professor John Price, da Universidade Brigham Young (EUA).

Desta forma, diminuir a ingestão de calorias equivale a fazer com que seus ribossomos rodem menos e, portanto, desgastem-se menos e se reconstruam – ao contrário do seu carro, nossas células sabem reconstruir suas próprias peças desgastadas.

Equilíbrio na dieta

Além disso, assim como os carros, os ribossomos são caros e úteis – eles consomem entre 10 e 20% da energia total da célula para fabricar todas as proteínas necessárias para a célula funcionar. Assim, é impraticável destruir um ribossomo inteiro quando ele começa a funcionar mal. Mas consertar partes individuais do ribossomo em uma base regular permite que eles continuem a produzir proteínas de alta qualidade por mais tempo.

“Quando você restringe o consumo de calorias, há quase um aumento linear na longevidade,” disse Price. “Nós inferimos que a restrição causou mudanças bioquímicas reais que retardaram a taxa de envelhecimento.”

Apesar desta relação observada entre consumir menos calorias e aumentar o tempo de vida, o professor Price alerta que as pessoas não devem começar a contar calorias e esperar permanecer para sempre jovens. A restrição calórica não foi testada ainda em seres humanos como uma estratégia antienvelhecimento – este estudo foi feito usando camundongos -, e a mensagem essencial é compreender a importância de cuidar dos nossos corpos de forma equilibrada, e não submetê-lo a regimes não comprovados de tortura alimentar.


Redação do Diário da Saúde
Para agradar na conversa, fale sobre coisas que seus amigos já sabem

“Nossos amigos ficam muito mais felizes quando lhes falamos sobre algo que eles já conhecem porque pelo menos entendem o que estamos falando.”
[Imagem: Cortesia CPFL Cultura/Rodrigo Cancela/Wikimedia]

Minha história e nossa história

Muitas pessoas adoram contar aos amigos e familiares histórias e experiências que tiveram, da última viagem de férias a um encontro inesperado com uma celebridade em um restaurante.

Mas parece que as pessoas não gostam tanto assim de ouvir essas histórias e nem compartilham das vivas emoções que o narrador tenta passar – e isto basicamente porque o narrador não consegue passar as emoções que está sentindo.

Uma série de experimentos envolvendo situações desse tipo mostraram que, ainda que tanto os oradores quanto os ouvintes acreditassem que as histórias de novidades seriam mais agradáveis para o público, o que os ouvintes de fato gostavam era de ouvir histórias familiares – histórias das quais eles haviam participado ou que já haviam escutado inúmeras vezes.

“A conversa é a mais comum de todas as atividades sociais humanas, e fazê-lo bem exige que saibamos o que nossos parceiros de conversa mais querem ouvir,” pondera o psicólogo Daniel Gilbert, da Universidade de Harvard (EUA). “Os oradores acham que os ouvintes gostariam muito de ouvir histórias sobre experiências que os ouvintes não tiveram, mas nossos estudos sugerem que esses contadores de histórias estão errados”.

“Quando nossos amigos tentam nos contar sobre filmes que nunca vimos ou álbuns que nunca ouvimos, normalmente nos achamos entediados, confusos e subestimados. Isto porque essas experiências são tão complexas que é quase impossível para uma pessoa comum comunicá-las bem,” explica Gilbert. “E, no entanto, tão logo chega a nossa vez de falar, fazemos exatamente a mesma coisa com nossos amigos – com exatamente as mesmas consequências.”

Contadores ruins de histórias

Nos quatro experimentos, os voluntários que deviam fazer o papel de contadores de história geralmente escolhiam falar sobre um vídeo que eles haviam visto, mas os outros não. Antes do papo, todas as expectativas de cada voluntário eram registradas.

Os resultados mostraram que as previsões dos oradores estavam exatamente ao contrário. Os ouvintes acharam o papo muito mais interessante quando também já haviam visto o vídeo. E, quanto os papéis foram invertidos, os ouvintes que se tornaram oradores cometeram o mesmo erro de avaliação.

O que parece ocorrer é que, quando os ouvintes já tinham visto o vídeo que o orador estava descrevendo, eles eram capazes de preencher as lacunas na história do orador, o que tornou a história mais agradável de ouvir.

“As pessoas são contadoras de histórias bastante ruins, que deixam de fora muitas informações importantes”, disse Gilbert. “Nossos amigos provavelmente gostariam de nos ouvir falar de uma pintura que nunca viram ou de um livro que nunca leram se pudéssemos descrever bem essas coisas, mas a maioria de nós não consegue. Desta forma, nossos amigos ficam muito mais felizes quando lhes falamos sobre algo que eles já conhecem porque pelo menos entendem o que estamos falando. Nós nos preocupamos muito em emocionar nossos ouvintes, mas não o suficiente em não confundi-los.”

Livro discute cinismo no campo da saúde

Publicado: 3 de março de 2017 em Sem categoria

Redação do Diário da Saúde
Livro discute cinismo no campo da saúde

Cinismo natural

O cinismo é mais comum do que a maioria gostaria de admitir – e ele se manifesta, inclusive, no âmbito de publicações científicas e nas condutas e prescrições de médicos e autoridades de saúde.

É o que se dispuseram a mostrar especialistas em Saúde Pública e Antropologia Social da Fiocruz em um livro intitulado À Procura de um Mundo Melhor: apontamentos sobre o cinismo em saúde.

O objetivo da obra é “considerar a naturalização do cinismo que nos envolve e também a muitas práticas sanitárias para saber como demarcar e dimensionar o enfrentamento diante dos poderes que obstaculizam o acesso a um mundo melhor,” dizem os autores, ressaltando que se trata de “dissipar de diante dos olhos a fumaça que nos oculta o óbvio”.

Cinismo na saúde

O cinismo, segundo os autores, não é uma mera questão de falseamento de discursos, mas diz respeito, sobretudo, aos efeitos nocivos de uma estrutura contraditória, ambígua, sustentada pelos arcabouços políticos, econômicos e sociais.

Vários são os exemplos de cinismo no campo da saúde. Os indivíduos são, a todo momento, chamados a se responsabilizar pessoalmente pelo cuidado com a própria saúde. Eles têm a obrigação moral de se autocuidar, sem levar em conta as injunções do contexto dominante, seguindo comportamentos que se caracterizam, sobretudo, pelo autocontrole que ‘especialistas’ indicam como as ‘medidas certas’. Esses mesmos indivíduos, porém, não só têm fácil acesso a fastfoods e bebidas alcoólicas, como tais produtos lhes são oferecidos de forma tentadora.

Além disso, a população está intensamente exposta a fontes de desgaste e sofrimento no trabalho e na vida urbana, sem que essas situações potencialmente causadoras de adoecimento sejam, de fato, levadas em conta – no máximo, os indivíduos recebem orientação ‘especializada’ sobre como administrar o próprio estresse. “Sem dúvidas, há um processo reiterado de naturalização dos mal-estares na nossa civilização”, assinalam os autores.

Outro exemplo se refere à automedicação. Embora essa prática venha sendo bastante condenada e combatida, as críticas que ela recebe não são acompanhadas por discussões aprofundadas sobre fenômenos correlatos que também representam riscos à saúde. Entre esses fenômenos, destacam-se a transformação dos médicos em prestadores de serviços e dos pacientes em consumidores, e a influência que as indústrias farmacêuticas e as empresas de planos de saúde exercem sobre as prescrições médicas.

Melhoramento do corpo humano

No terreno das prescrições médicas, o que não falta é a oferta de novas práticas, tecnologias e produtos farmacológicos que prometem maximizar o desempenho do corpo humano, ampliar a longevidade com vitalidade e, principalmente, procurar mitigar os sofrimentos emocionais que eclodem ao nosso redor.

Só que esses produtos, além de apresentarem efeitos adversos indesejados, têm importantes custos monetários, de tal sorte que quem não tem dinheiro tem muitas dificuldades para seguir as prescrições de uma pretendida ‘vida saudável’.

É difícil ter acesso a recursos que prenunciam melhor desempenho, bem-estar e vida longa em meio aos desgastes produzidos pelos altos níveis competitivos da vida moderna, pelos ditames dos jogos financeiros e corporativos e sua inapelável geração de precariedades de várias ordens.

“Cientistas primam pelo cinismo quando se autopromovem e, a serviço do mercado da saúde, impõem ao público consumidor, e aos ‘colegas’, o uso das tecnologias de melhoramento. A homilia que descontextualiza os fenômenos da saúde e lhes atribui uma falsa natureza desinteressada e apolítica nada mais é do que o discurso cínico da ciência médica em sua sórdida composição com o neoliberalismo,” analisa o pesquisador Gil Sevalho, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que assina o prefácio do livro.

Cinismo na ciência

De fato, o cinismo se manifesta não só no chamado mercado da saúde, como também na esfera acadêmica.

Embora a ciência pretenda ser representação o mais fiel possível da realidade, isenta da subjetividade que distorce as evidências, a produção da “verdade científica” apresenta problemas – e frequentemente acaba servindo ao domínio econômico e político.

Basta atentar para o fato de que a mesma pergunta de pesquisa, com o mesmo conjunto de dados, mas com diferentes técnicas analíticas, pode produzir resultados e conclusões diversas, o que enseja o questionamento de que as chamadas evidências demonstradas por pesquisas podem ter resultados passíveis de acobertar interesses mercadológicos.

Questionamento ainda mais pertinente em face de um ambiente acadêmico no qual, segundo os autores, “predomina agora um modelo de universidade operacional utilitário-competitiva que evita criticar de modo estrutural o presente estado de coisas”.

TCC – Psicoterapia para fobia social

Publicado: 16 de fevereiro de 2017 em Sem categoria

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Zurique (Suíça) revelou que o tratamento mais bem-sucedido para a fobia social altera as principais estruturas cerebrais envolvidas no processamento e na regulação das emoções. O tratamento é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – ou seja, uma terapia de conversação que resulta em mudanças fisiológicas do cérebro.